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Hoje, caro leitor, este despretensioso escriba tentará estabelecer uma análise regressa quanto ao tucanato com foco no paulista. Pelo que pode se notar nos últimos anos no ninho tucano SP, se leva a acreditar que ocorre ciclicamente uma espécie de autofagia política, que domina a legenda em especial a paulista, que a cada eleição, parece que parte de seus políticos se põem contra alguém ou determinado grupo tucano, com uma tática e potência que chega a encabular o “oponente”.
Autofagia cuja origem é grega (auto = eu e fagia = comer) significando “comer a si mesmo”, ela acontece quando as células englobam e degradam porções de seu próprio citoplasma. Trazendo para a realidade política, ao debilitar levando ao estado de quase morte (EQM) algumas lideranças tucanas, enfraquecem o Partido como um todo. Contudo, como a política é muito dinâmica, lá na frente em outra situação/outra eleição, pode vir até ocorrer o contrário.
A estratégia montada em 2016 pelo governador Geraldo Alckmin contemplou e aconteceu: João Doria, prefeito paulistano, sendo possivelmente fruto de acordo interno, onde em 2018, Doria apoiaria Alckmin a presidente e Marcio França-PSB governador.
Porém, no fim do 1º quadrimestre de 2017, Doria demonstrava “tocado” pelo Poder com sua ascensão política nacional, e Doria lepidamente reposicionou-se dando sinais de não levar a cabo o possível acordo tucano de 2016. O que leva-nos a crer que Doria contou com apoio forte da ala tucana a qual contou com seu presidente estadual, e que nos leva a indagar: onde se perdeu a coerência programática tucana? Entendendo programático como: o que vincula os comportamentos dos tucanos. No contra ponto da questão programática, no PT é inalterável, pois mesmo com sua degradante corrupção, mentiras e gigantesca incompetência no Poder, os petistas mantêm-se unidos, Lula, ainda que discursando para platéia própria/esquerdopatas desde o correto ato do impeachment de Dilma à campanha de Haddad, o PT se manteve aglutinado.
A autofagia tucana que entre outros pode decorrer do excesso de postulantes aos cargos majoritários: prefeitos, governadores e presidente, em 2018 deixando novamente a questão programática, tucanos acabaram por terminar o primeiro turno-18: em São Paulo o seu ex-governador com 4 mandatos e presidente nacional do PSDB teve desempenho pífio, redução das bancadas, o que não são críticas deste escriba, antes fossem, porém são os números frios e imutáveis das urnas no primeiro turno/2018, sobrando a uma das alas tucanas, a eleição de Doria ao governo paulista!
Mas não se espante ou entenda equivocadamente este humilde escriba de Rubião Júnior, ao citar o PT como contraposição, a questão programática petista a lá Macunaíma (O herói sem caráter), não é conflitante se rememorarmos, caro leitor: Lula desde o início do PT continua sua única liderança incontrastável (não se pode ou deixam confrontá-lo, contradizer, contrapor, superar.) ainda que sua prisão ofereça às lideranças regionais do PT a sensação de orfandade, Lula ainda dita os rumos de dentro da cadeia, vide Haddad/docente USP, e na campanha/2018 as visitas semanais ao “guru sem formação acadêmica.”
O PSDB com sua clássica e interminável rivalidade autofágica entre Minas Gerais x São Paulo, protagonizada por Aécio Neves e os seus, contra Geraldo Alckmin e seu grupo, e acrescente a isto João Doria, dividem as energias enfraquecendo o PSDB, e o resultado se apresentou nas performances eleitorais presidenciais, além de novamente retroalimentar a autofagia e o enfraquecimento tucano.
O ocaso (aparente declínio de um astro no horizonte) tucano vem se construído há tempo, e a autofagia é consequência de uma postura programática errônea levada na disputa de força, a qual para ingenuamente disfarçar, eles intitulam de “processo interno de escolha democrática.”
“Podemos não ser capazes de deter todo o mal no mundo, mas eu sei que a forma como tratamos uns aos outros é inteiramente nossa.”[...] Barack Obama
Antonio Roberto Mauad – Turquinho. MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades, colaborador deste jornal.