E Maria, uma garota de bom caráter, de posses, conheceu Michel. Este, fez de tudo para conquistá-la, demonstrou ser um bom homem, alguém confiável, alguém para construir uma família e cuidar dos filhos.
Assim Maria acreditou estar construindo seu melhor caminho e aceitou o pedido de casamento. Todavia, o marido aos poucos foi mostrando sua real personalidade. Maria havia caído em um golpe. Seu marido não lhe sentia amor algum, apenas queria se enriquecer com as posses da esposa, apenas queria poder.
Eles tiveram dois filhos: Ricardo e Roberto. Pouco tempo após o nascimento de Beto, houve a separação do “casal”. Michel era tão sagaz e aproveitador que, pelo fato de ser amigo, quase “sócio” de alguns juízes, conseguiu não apenas ficar com todos os bens, como também com a guarda dos dois filhos. Na verdade, o pai não tinha amor pela prole, mas preocupava-se com os bens, uma vez que, caso Maria ficasse com a guarda das crianças, estas teriam direito à herança, que seria cuidada por Maria.
Como não fazia sua função de pai, os dois meninos cresceram sem afeto e sem educação. Ricardo, por ser alguns anos mais velho que Beto, era maior, mais forte e, por ausência do pai, passou a maltratar o irmão mais novo. Michel não só era ausente, como também incentivava os maltratos, pois sempre dizia para o filho mais novo: “você precisa aprender a se defender, não deixe que ele bata em você, reaja!“. E assim acabava influenciando também Ricardo a agredir seu irmão.
Mas Beto era mais fraco e passou alguns anos apanhando de seu irmão mais velho. Sua mãe, mesmo impossibilitada de ajudar os filhos, chegou a procurar o ex-marido para lhe alertar sobre a educação dos meninos, dando até boas sugestões, entretanto Michel apenas fingia lhe dar ouvidos.
Até que, um dia, sem respeito e autoridade sobre os filhos, Michel mudou a situação. “A partir de agora, Ricardo, você está proibido de agredir seu irmão, caso não obedeça vai apanhar de cinta, ficar de castigo, preso no quarto, sem comer direito, privado de liberdade. E não reclame que é pior!”.
Ao ouvir o novo comando de seu pai, Beto ficou feliz.