Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Colunista Pe. Delair Cuerva Padre Presidente da ASFA - Associação da Sagrada Família
26/08/2018

Viver com o outro



Neste mundo não há jeito de ser sozinho... Queiramos ou não temos que viver em sociedade... Nascemos em uma família e vivemos em grupos e por isso não dá pra se isolar...

Temos que aprender a ouvir e falar... Afinal de contas se você não ouve não sabe o que a outra pessoa pensa e se não fala o outro não é obrigado a “ter uma bola de cristal” para entender o que você quer... Eis a necessidade de se comunicar e, ainda mais neste tempo moderno, onde podemos nos comunicar com tanta facilidade, embora me espante que cada vez mais o ser humano está distante de entender e fazer-se entendido.

Muitas vezes mais sabemos falar que ouvir... Até queremos ser ouvidos, mas será que estamos prontos a ouvir e tentar entender o que o outro quer dizer?

Quantas vezes em nossa vida queremos somente falar de nossos problemas e angústias, mas não queremos ouvir o “outro lado da moeda” e sequer ouvir as pessoas quando querem desabafar... Nos colocamos em nossa redoma e esquecemos que precisamos também respeitar as redomas dos outros.

A vida é um mistério de convivência, mas se não nos abrimos a este mistério nunca o descobriremos... É preciso aprender a abrir-se ao novo, pois se ficamos no velho envelheceremos também o novo. Pois não buscaremos mais entender que o novo vem para renovar e “ficar nas mesmices” de nada adianta já que o mundo continua a rodar...

O mundo é cheio de coisas fascinantes, mas temos que ter a ousadia e a inteligência de perceber que nem sempre o que fascina é bom e faz bem... Muitas vezes as coisas fascinantes só mostram a superfície e não a essência. Cabe a nós adentrar para ver o que há no fundo desta superficialidade e ver se compensa viver de aparências e não de essências, pois, às vezes preferimos viver de estereótipos.

Muitas vezes vivemos tanto de aparências que nem temos tempo de festejar os encontros, as coisas boas, porque estamos preocupados demais com as coisas efêmeras.

Fazer silêncio, pensar, meditar, está se tornando coisa de velho ou de monge... Parece que não temos mais tempo de ver, rever e meditar... Queremos muitas vezes ir às ações e esquecemos que para “toda ação há uma reação”.

O mundo está barulhento demais, pois o barulho sufoca o pensamento... O parar um pouco está cada vez mais distante do ser humano e nos leva a perdermo-nos de nós mesmos e, ainda mais, dos outros que nos rodeiam.

O silêncio nos assusta, porque, por meio dele, temos que olhar para o nosso próprio umbigo e isso provocará mudanças que podem custar lágrimas e dores, pois mexerão com nosso orgulho e egoísmo. Silenciar provoca e não gostamos de ser provocados.

Meditar, parar, silenciar é para os corajosos... O covarde não pára porque terá que fazer algo... Vive de superfície porque não tem que adentrar nos seus problemas e por isso não gosta de meditar porque meditar quer dizer assumir algo que por vezes não quer.

Cada dia deve ser vivido como se fosse o primeiro e o último, já que não sabemos se teremos o amanhã.

Bom, meditemos sobre o ontem para melhorar o hoje e assim modificaremos o amanhã...

Com um beijo de Jesus, pelos lábios de Maria e no aconchego de José no seu coração me despeço querendo ser melhor e aprender a meditar mais antes de qualquer coisa.

 

A Cristo, por Maria e com José:

 

Pe. Delair Cuerva,fmdp










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