Já escrevi sobre esse assunto e quero voltar a ele, principalmente, depois da recente e corajosa entrevista dado pelo titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE), Paulo Fábio Buchignani ao Portal Alpha Notícias. Não há dúvida. É como tentar enxugar gelo com toalha. Estamos, gradativamente, perdendo a batalha para o tráfico. Se é que já não perdemos. A droga saiu dos becos escuros e das favelas, para ganhar a luz das regiões centrais das cidades. Botucatu não foge a regra. E o traficante está sempre buscando inovações para dificultar o trabalho policial.
A mais comum, atualmente, é usar o adolescente que fica em pontos de vendas de drogas conhecidos como biqueiras. Ele atende o ”cliente” mantendo pouca quantidade de droga em seu poder e deixando porções espalhadas em locais distintos. A tal operação “formiguinha. Se for apreendido, escapa facilmente de uma punição, pois passa por usuário. Ele sai mais rápido da delegacia de que quem o levou.
O interessante é que existe uma fila de espera, uma rotatividade. Se a polícia tira um adolescente da biqueira” ao final manhã, outro ocupa seu lugar no início à tarde. De cada 100 adolescentes apreendidos em ocorrências policiais, pelo menos 85 deles estão envolvidos com o tráfico de entorpecentes.
A maioria entra para a criminalidade, incentivada, principalmente, por traficantes que oferecem o ganho do dinheiro fácil e vêem no crime a possibilidade de sustentar suas famílias e na maioria dos casos sustentar o próprio vício ocasionando um grave conflito social. O tráfico acaba com a infância, com a juventude do adolescente e afeta diretamente a família.
Entre as drogas mais conhecidas, o crack é a que tem uma ação devastadora no organismo e a principal porta de entrada para o crime, muitos deles graves como roubos, sequestros, homicídios, latrocínios e extorsão. E aquele que vem de uma família desestruturada e pobre está mais vulnerável para entrar na criminalidade. O crack caminha a passos largos para superar a maconha que ainda é a droga mais consumida.
E não se vê uma luz no fim do túnel. Longe disso! Os que poderiam fazer alguma coisa, acabando com a corrupção, propagando a política da desigualdade social, da falta de educação, do lazer do esporte, do desemprego, estão preocupados apenas em sorver as benesses do poder, na busca desenfreada pelo enriquecimento a qualquer preço. Dane-se o povo! Viva Brasília! Viva o Senado! Viva a Câmara dos Deputados! Viva a impunidade!
E não dizem que o rico, dificilmente, vai pra cadeia? É a mais pura e lamentável verdade. Com todas as “brechas” que existem na lei, os advogados conseguem livrar muita gente, mas para isso tem que doar a maior parte do seu dia na defesa do cliente. Para uma grande defesa é preciso dinheiro. Muito dinheiro. O advogado não vai tirar dinheiro do bolso para defender os interesses de quem quer que seja. E os “figurões” da República contam com um batalhão de renomados advogados a disposição. Com raras exceções, dificilmente, vão pra cadeia.
Por isso, é comum prender ladrão de sardinha e deixar em liberdade aquele que desvia milhões dos cofres públicos, dinheiro esse vindo da arrecadação de impostos do cidadão de bem e que deveria ser revertido para o próprio povo, mas vai para as gordas contas bancárias dos nossos ilustres representantes. Enquanto essas ratazanas de terno, que roem a vida do brasileiro forem sucessivamente eleitas não teremos mudanças. Nem paz! Poucos são bem intencionados. Poucos, muitos poucos, escapam! Então… Salvem-se quem puder!