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Em eleição realizada neste final de semana, Rodrigo Maia (DEM) obteve 344 votos dos 513 possíveis e nos próximos dois anos iria comandar os trabalhos na Câmara dos Deputados, em Brasília. O pleito foi bastante tranquilo, sem incidência e o resultado já esperado, pois Maia conseguiu apoio de vários partidos.
Agora no Senado Federal a situação foi totalmente diferente e entre os 9 candidatos que se inscreverem para disputar o pleito, estava o famigerado Renan Calheiros, com sua imagem intoxicada envolvido em diversos processos criminais. Um político execrável, que representa o que de pior existe na política.
A eleição do Senado foi uma das coisas mais degradantes em toda história política do Brasil. Um show de horrores comandada por Calheiros e a cúpula do PT, PDT, MDB e Solidariedade. No que diz respeito a baixaria, teve um pouco de tudo como ofensas pessoais, troca de empurrões, palavras de baixo calão, adiamento e anulação da votação que havia definido em 50 votos a 2 pelo voto aberto, ou seja, maioria absoluta, além de suspeita de fraude.
O caso mais absurdo nesse circo foi a “usurpação" de uma pasta de documentos da Mesa (pasmem), protagonizado pela senadora Kátia Abreu (PDT), que faz parte da linha de frente da tropa de choque de Calheiros. Que cena grotesca ver aquela senhora apanhar os documentos, bruscamente, da Mesa e sair desfilando pelo plenário abraçada à pasta e vociferando. Depois, nomeou-se presidente e sentou-se à Mesa, sempre agarrada aos documentos. Cômico se não fosse trágico.
Após 9 horas e renúncia das candidaturas de Major Olímpio (PSL), Simone Tebet (MDB) e Álvaro Dias (Podemos), a primeira eleição acabou anulada por suspeita de fraude. Na urna havia 82 cédulas, quando o número de senadores é de 81. Ou seja, um parlamentar votou duas vezes. Como isso aconteceu ninguém conseguiu explicar. E um detalhe: as duas cédulas colocadas na urna fora dos envelopes eram votos de Renan Calheiros. A eleição foi, exatamente, a cara dele. E dos aliados que promoveram aquele espetáculo decadente em disputa pelo poder.
E antes mesmo de a eleição ser iniciada os senadores frustraram a expectativa popular. Calheiros batalhou como gladiador para que a votação fosse secreta. E conseguiu seu intento. Numa eleição com o voto aberto, suas chances de derrota eram iminentes, já que os senadores teriam constrangimento em revelar o voto temendo o desgaste político. A decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli (aquele), de manter a votação no Senado secreta, numa clara interferência entre poderes, foi o principal trunfo de Calheiros.
Mas, nada disso deu certo. Mesmo sendo votação secreta os senadores passaram a mostrar as cédulas com os votos. Isso desestruturou Calheiros que num gesto de puro destempero, bem ao seu estilo, vendo que a derrota nas urnas seria inevitável, foi à tribuna e após um discurso inflamado, renunciou à candidatura, quando vários senadores já haviam votado. Alegou “processo antidemocrático”. Que cara de pau!
Ao final desse grotesco espetáculo circense, o macapaense Davi Alcolumbre (DEM), de 41 anos, foi eleito presidente do Senado, e por consequência do Congresso Nacional em primeiro turno computando 42 votos (maioria absoluta), com 77 votos válidos. Esperidião Amin (PP), teve 13 votos; Ãngelo Coronel (PSD), 8; José Reguffe (sem partido), 6, e Fernando Collor de Mello (PROS) obteve 3. Calheiros ainda conseguiu 5 votos, havendo 3 abstenções.
Calheiros que é o símbolo da corrupção e o tipo de político que precisa ser extirpado da vida pública sempre procurou se manter à sombra do poder apoiando os governos dos ex-presidentes Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Tem em seu desfavor 15 processos que tramitam no STF. Num país sério estaria preso e não legislando no Senado.
E esse cidadão poderia ter sido ceifado da política no ano passado, mas os alagoanos reconduziram o pérfido ao Senado. Por isso, em nome da tal democracia, temos que, resignadamente, aceitar o voto popular. Isso não se discute. Agora o que não daria para aceitar é Renan Calheiros ser colocado no patamar mais alto do Congresso Nacional por parlamentares que se elegeram levantando a bandeira da renovação e prometendo combate à corrupção e a velha política. Apesar da derrota esse "ser" continuará a ter espaço na política nacional. Não se pode negar que é um articulador nato.
Só esperamos que os senadores que fazem parte de sua linha de frente votem os projetos de acordo com suas convicções, pensando no interesse dos seus respectivos estados e não por convicção de Calheiros que vai demorar um bom tempo para digerir a situação vexatória a que foi submetido aos olhos satisfeitos de milhões de brasileiros.