Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Colunista Quico Cuter Jornalista, Autor, Escritor, Historiador e Poeta
13/02/2017

Cesar Titon era um cidadão acima de qualquer suspeita



Fiquei sabendo da queda de uma aeronave em Botucatu na orla do Rio Bonito onde fazia uma cobertura carnavalesca, logo após registrar a presença do prefeito Mário Pardini e do deputado Fernando Cury no local. Na subida da serra fiquei sabendo que uma das vítimas era o Cesar Titon. Que paulada! Imediatamente passou um filme em minha cabeça.

Conheci o Titon, um cidadão notável em todos os aspectos, há mais de 40 anos. Fizemos o ginasial juntos na Escola Industrial e sempre nos tratamos pelo sobrenome: Cuter e Titon, nada de Quico ou César.  Acompanhei o seu trabalho em rádios de Botucatu e Câmara Municipal. Estivemos juntos em incontáveis ocasiões, embora não tenha sido frequentador de sua casa, nem ele da minha. Mas tínhamos uma amizade de quase meio século. Cada encontro um abraço. Cada abraço seu jargão para comigo, olhando em meus olhos: “Cuter, sou seu fã!” Quantas vezes ouvi isso... Fui ao velório, mas não vi o corpo.

O que vi muitas vezes foi ele fazer milagres para colocar em funcionamento aqueles ultrapassados aparelhos da Rádio PRF-8. Impressionante o que fazia com alicate, chave de fenda e um pedaço de arame. Sua calma para resolver os problemas era coisa de cinema. Coisas do Titon. Sessentão como eu, tinha um detalhe surpreendente: não envelheceu. Sua aparência física estacionou na faixa dos 40.  Até para isso foi calmo. Um meninão.

Mas o que me deixou muito aborrecido foi a atitude de algumas pessoas que se aproveitaram de sua morte para fazer demagogia nas redes sociais. Que coisa pequena! Teve gente que conhecia o Titon apenas de vista e nunca sequer trocou um aperto de mão com ele. De repente, ele se torna aquele amigo de longa data e fala do Titon como se da família dele fosse. Que triste isso! Infelizmente, isso existe.

Que meu velho amigo descanse em paz. Que Deus conforte a família.  Acredito que um dia, numa outra dimensão talvez,  voltaremos a nos encontrar.  E poderei novamente lhe dar mais um abraço  e  quem sabe ouví-lo dizer a frase que eu, lisonjeado, gostava muito de ouvir: “Cuter, continuo sendo seu fã”.










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