Temos concreto
Temos cidade
Mas ainda exalamos
A cruel maldade
Temos força
Temos tempo
Mas ainda desejamos
Morte com sofrimento
Temos shopping center
Temos supermercado
Mas queremos ver morrer
Aquele que foi condenado
Temos paz
Temos conforto
Mas não festejaremos
Até que o bandido seja morto
Temos sangue nos olhos
Temos ira na alma
Mas queremos sangue nas mãos
Tão logo quando perdermos a calma
Temos direitos
De posse e de porte
Mas desejamos matar
Seja com tiro ou com corte
Temos motos e carros
Temos trens e aviões
Mas ainda queremos ver
Homens morrendo nas garras de leões
Temos a verdade
Temos até mesmo Deus
Mas ainda adoramos
O sofrimento dos coliseus
Temos, ainda que não declaremos
Transbordamos maldade
O que perdemos, não queremos recuperar
O que é mesmo essa tal “humanidade”?