Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Colunista Renato Ruiz Lopes Pastor da Primeira Igreja Batista em Botucatu (PIB)
27/09/2017

A TRISTEZA É SENHORA



Disse-lhes então: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo". Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres". Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. "Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora? ", perguntou ele a Pedro. Mateus 26:38-40
Jesus traz aqui uma grande lição a toda humanidade, os dias são maus e as pessoas também podem e com toda certeza vão errar conosco e vão nos decepcionar.
A utopia de uma vida sem tristeza pregada por muitos nos dias de hoje, cujo clamor é: ‘vai orar que passa’, é ridículo como anti-bíblico. A tristeza é o lugar onde Deus trabalha, estou certo disso, e deve ser aproveitada como grande momento para o crescimento emocional e espiritual. 
Não consigo por mais triste que me encontre hoje achar que algo esta errado e que o maligno esta  me rondar. Creio que na existência humana, assim como aprendo com Jesus de Nazaré,  a tristeza  faz parte da existência, sofrer é existir já diria a poetisa. 
Rubem Alves tem um livro que gosto muito que tem como titulo ‘ Ostra feliz não produz perola’, é exatamente isso, concordo com ele. As pessoas principalmente as que se dizem cristãs, costumam a pensar no domingo da ressurreição, na alegria do domingo, mas se esquecem da sexta e sábado no Getsêmani e no Gólgota, ficam apenas com tumulo vazio. Mas foi o próprio mestre que nos ensinou que seria necessário vivermos sua morte para vivermos com Ele sua vida. 
A tristeza não deve o lugar onde queiramos estar e também não deve ser o ponto final, porem se tratada como algo maligno é de atitude de muita infantilidade.
Jesus foi entristecido por uma situação que de fato ele queria ser poupado, pediu que se possível fosse passado dele aquele cálice, clamou as amizades e ficou só, encontrou os mais chegados, os amigos do peito, desfalecidos em si mesmos. Uma grande lição que temos que aprender é que nem sempre as situações ruins serão tiradas de nós e que nossos amigos mais chegados sempre estrão conosco. Tem amigos que quando puderem não vão pensar em nós, agirão sem pestanejar, e vamos ficar sozinho com nosso sofrimento. 
Mas creio ser este o ‘ponto’ da coisa toda, o olho do furacão, o epicentro dos terremotos, quando desfalecemos, percebemos que todos já se foram, a dor continua, temos dois caminhos; ou chutamos os balde e abandonamos tudo e todos, ou caímos no vazio de olhar para o alto e clamar: Deus meu, porque me abandonastes? Esse é o clamor de quem na mais profunda solidão, dor e tristeza, sabe que pode e deve clamar aquele que pode socorrer.
Creio ser a tristeza o caminho para nos fazer aprender a olhar para o alto e se derramar no colo de Deus. É ela que nos faz crescer, é ela quem nos faz pobres de espirito, é ela quem mostra o que somos de verdade.
Triste e solitário é o caminhar. 
Que Deus nos ajude.

Renato Ruiz Lopes










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