No meu artigo anterior trouxe um pouco o conceito de “resiliência” como proposta de trabalho e de atitude diante dos desafios por que passados hoje. A partir de um exemplo Bíblico, quero trazer para nossa reflexão a importância de nos sentirmos amados, mesmo que as avalanches da vida nos tentem sufocar.
É do conhecimento de muitos a saga de Abrão e Sara juntamente com Agar sua escrava e o filho “bastardo” de Abrão com Agar. Sara teve um gravidez bastante tardia. Se hoje a mulher ainda encontra dificuldades em ocupar seu espaço e valor na sociedade, o que dizer da época de Abrão e Sara, numa sociedade patriarcal? A mulher tinha uma missão quase que única de procriar, dar filhos ao marido. Se fosse estéril, era a vergonha do marido e podia ser rechaçada. Sara estava nessa condição. Assim sendo Abraão se une a sua escrava Agar e essa lhe dá um filho, Ismael, (conf. Gêneses 16,1-15). Qual não deve ter sido o sentimento de rejeição que sentiu Sara. Quanta humilhação.
O sentimento de humilhação passa pela sensação de não ser amado, de ser preterido, discriminado, sensação ainda de abandono. Essas sensações, como dizem alguns autores, podem ser reais ou imaginárias. A rejeição imaginária pode ser tão dolorosa quanto a rejeição real. Ocorre nos relacionamentos amorosos, na vida social, familiar ou no trabalho.
Bem essa é a primeira parte a nossa história. A segunda acontece quando Sara consegue engravidar e dar à luz Isaac, (conf. Gênesis, 21,1-21). Sara então pede a Abraão que mande embora Agar com seu filho Ismael. Aqui me chama a atenção a visão que o autor Bíblico tem de que Deus não faz acepções de pessoas e que ama também o filho “bastardo”. Por mais que nós rejeitemos alguém, Deus jamais rejeita. Ele protege também o filho de Agar.
Olhando para a literatura em psicologia, as conseqüências do abandono para a vida de um pessoa são muito prejudiciais como: profunda sensação de ausência pessoal de valor; sensação de culpa; profunda atração pela morte, e muitas outras perdas em conseqüência disso. Muito teria aqui para se falar. Minha proposta é lançar a questão e cada um faça seu aprofundamento sobre o tema.
Para finalizar apresento-vos Maslow que define um conjunto de cinco necessidades do ser humano descritos numa pirâmide:
- necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo;
- necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
- necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;
- necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;
- necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser.
Lanço o desafio para reflexão: Será que todos os indivíduos, em nossa sociedade, têm essas cinco necessidades garantidas?
Paz e bem!
Rev. Bendito Carlos Alves dos Santos