Acredito que desde o momento da fecundação do óvulo somos seres competitivos. Quando ainda éramos, de um lado óvulo e do outro espermatozoide, tivemos que garantir nossa existência. Entre tantos espermatozoides, um conseguiu atingir o alvo, você passou a existir. Assim é nossa vida, assim somos nós, uma batalha.
Quando o espermatozoide arranca em partida, não vai com ansiedade preocupado com quem está correndo com ele. Apenas se propõe a correr até o alvo. Imagina você se naquele momento ele ficasse ansioso olhando para os lados tentando ver quem ia a qualquer momento ultrapassá-lo. Não, o espermatozoide parte na sua mais pura realidade do simples existir, sem preocupações desnecessárias. Apenas corre, apenas vislumbra seu alvo. Se fosse se preocupar, teria que criar estratégias para derrubar seus rivais.
Mas não dá para negar que a realidade do mundo competitivo tornou-se cruel.Na sociedade pós moderna vivemos o sistema da competitividade desmedida. Qual a diferença do que foi colocado acima? A diferença é que vivemos uma competitividade destrutiva. Maquinamos a todo instante uma forma de destruir o outro que compete com a gente. Isso gera uma ansiedade destrutiva e cansativa. Nos vários setores da vidaestamos preocupados em vencer ou sermos vencidos pelo outro. Vemos que até mesmo líderes religiosos vivem num campo competitivo. Vamos ver quem “vende mais e melhor Deus”. Para isso vale tudo. No campo político vemos todo tipo de trapaça, jogos sujos, golpes baixos, mentiras, situações forjadas.
Nos fazemos ídolos ou construímos nossos ídolos. Temos medo de fracassar. Nos defendemos, criamos nossas armas, nossos ataques. O mundo capitalista não perdoa. Vale quem tem mais. Seguimos a cartilha do ter e ridicularizamos o ser. Vemos isso mesmo entre os discípulos de Jesus. A dificuldade de Pedro em entender que Jesus “deveria sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; deveria ser morto” (Mc 8,31). O pior, morrer em morte de cruz que significava a pior da ignomínias, uma morte de quem tivesse feito algo escandaloso para a sociedade. Qual não foi o espanto de Pedro? Como posso permitir que meu ídolo seja um fracassado? Assim vivemos o mundo competitivo hoje. Não sabemos lidar com as perdas, com as frustrações.
Uma frase que me chamou muito a atenção: “de acordo com as leis do Universo, não existem fracassos, mas resultados. Fracasso é uma palavra que inventamos para dizer que as coisas não saíram como gostaríamos. Resultados são os efeitos possíveis diante de nossos esforços, escolhas e desejos” (Caminho de Otimismo). Esse pensamento vem ao encontro do tenho escrito acima. Não preciso trapacear para conseguir atingir meu alvo. Preciso fazer o que deve ser feito e o resultado acontecerá, os resultados virão.
É preciso aprender a viver e permitir que o outro viva. Não posso ver o meu próximo como um alvo que deva ser destruído. Nossas guerras externas acontecem por sermos inseguros e, com nossas insegurança acabamos vendo o outro como um rival, um inimigo, um intruso que deve ser eliminado a todo custo. Assim perdemos nossa essência, perdemos o melhor de nós, gastamos energia em excesso. Desviamos o foco e corremos o risco de sermos sucumbidos por nossas mentiras. Repito, o espermatozoide não se preocupa se outros estão correndo com ele, apenas mira o alvo. Um dia você fez isso, apenas mirrou o alvo e o atingiu.
Não gaste tanta energia desnecessária. Apenas faça sua parte e bem feita. Não desvie seu olhar da meta. Não permita que coisas periféricas, na estrada da vida, desvie sua atenção daquilo que é mais importante. Dizia Francisco de Assis, o homem símbolo da paz universal: “o homem se tornou um lobo para o outro homem”. Sejamos construtores da paz.
Paz e Bem!
Rev. Benedito Carlos Alves dos Santos