Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Colunista Rev. Benedito Carlos Santos Reverendo Anglicano, Psicólogo
22/06/2019

Fé – Esperança – Caridade



Gibran Khalil Gibran

 

Gibran Khalil Gibran (1883-1931) foi um grande ensaísta, novelista, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa. Seus livros e escritos, de simples beleza e espiritualidade, são reconhecidos e admirados para além do mundo árabe. Gibran faleceu vítima de tuberculose, em Nova York, no dia 10 de abril de 1931.  Escreveu várias obras, e aqui quero conversar um pouco sobre uma simples frase de Gibran, que diz o seguinte: “no coração de todos os invernos vive uma primavera palpitante, e através de cada noite vive uma aurora sorridente”.

O que refletir sobre a citada frase de Gibran? Se olharmos atentamente percebemos algo que tem feito o movimento de muitos na história da humanidade, a esperança. Sou descente de imigrantes italianos, que início dos anos 1900 arriscaram sair da Itália em busca de algo novo, guiados por uma esperança. Minhas duas avós (materna e paterna), vieram da Itália. Pude ainda ouvir uma pouco dessa história contada pela minha avó materna. Não cheguei a conhecer minha avó paterna, pois a mesma faleceu antes de eu nascer.

A esperança fazia primeiramente que decidissem imigrar para o Brasil. Muitas vezes essa decisão era manipulada pelos responsáveis (agentes e subagentes) de imigração. Ali apenas nascia um sonho, era só o começo de uma longa história. Tinham então que enfrentar a viagem migratória saindo de suas zonas de conforto. Deixavam para traz tudo, seguindo até o porto de embarque (Norte, era o porto de Gênova e, no Sul, o porto de Nápoles). Muitas vezes essa trajetória era feita a pé, enfrentando o duro inverno europeu. Esses homens e mulheres esperançosos, “antes de partir, vendiam os poucos bens que possuíam. Frequentemente chegavam ao porto vários dias antes do embarque, por má-fé dos agentes, mancomunados com taberneiros e estalajadeiros, que tratavam de abusar dos preços”.

Colocados os pés na estrada, já não podiam mais voltar atrás, “dentro do navio, os imigrantes tinham que enfrentar uma viagem naval terrível, com duração entre 21-30 dias, amontoados no navio como passageiros de terceira classe. Não eram raros os envenenamentos por comida estragada, mortes por epidemias e ondas de furtos”. Lembro-me ainda de ouvir minha avó dizer que “uma irmã sua veio a óbito dentro do navio e depois de breve funeral foi lançada ao mar”. Mas ali tinha que existir esperança. Desistir não seria digno, seria matar a esperança. Afinal de contas “no coração de todos os invernos vive uma primavera”.

“Através de cada noite vive uma aurora sorridente”. Ainda hoje, seja qual for a luta de cada um, acredito que a esperança deve ser o dinamismo. Não são poucas as intempéries da vida moderna. Sem a esperança, vemos hoje nos assolarar a doença do século, a depressão e com ela o suicídio. Aprendamos a olhar para a história da humanidade, pois os desbravadores são sinais de que a esperança simboliza vitória. Sem esperança não conseguimos suportar as noites de inverno, e corremos os risco de perder a beleza de uma aurora sorridente. Sem contar que a esperança deve estar intimamente ligada à fé.

Fé, olhar para o alto e crer no Divino. Esperança, ter algo que nos impulsione como viventes. Não existe verdadeira conquista das duas (fé e esperança), sem a prática da caridade, amor ao próximo, construção da fraternidade. Pense nisso e reflita se puder em I Cor 13, 13.

Paz e Bem!

Ver. Benedito Carlos Alves dos Santos

 










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