Segundo Andrew Carmegie (1835-1919), “há pessoas que, vivendo numa prisão imaginária, são os prisioneiros de suas próprias mentes, ali jogados pelas limitações impostas a si mesmas, aceitando a pobreza e a derrota”. Com essa frase inicio essa nossa reflexão, trazendo em questão quantas vezes preferimos focar em episódios ruins de nossas vidas, impedindo assim nosso cérebro de contemplar os acontecimentos bons.
Dizem os psicólogos que nossa mente é seletiva e só vê o que quer. Exemplo disso, quando queremos comprar um carro e que de antemão já escolhemos o modelo. Ao andar pelas ruas, vemos em destaque carros com o modelo desejado. O que antes nem percebíamos. O que significa que focamos naquilo que desejamos.
Dentre os psicólogos das Teorias da Personalidade que gosto muito é Alfred Adler ((1870-1937). Adler acreditava que existem alguns obstáculos ao crescimento de um indivíduo. Assim ele classificou três obstáculos: - inferioridade orgânica, - superproteção, - e rejeição.
Quando fala de inferioridade orgânica Adler está se referindo as debilidades que um indivíduo pode ter por má formação e que, deixando-se levar por elas pode crescer refém de sentimentos de inferioridade. Esses sentimentos de inferioridade o incapacitarão de buscar a superação. Fazendo o contrário, o indivíduo inicia um movimento de superação tendendo a compensar suas debilidades. Isso é o que fazem alguns fenômenos que se destacaram na história da humanidade. Quando Adler fala de superproteção, refere-se àqueles que crescem mimados e envoltos em redomas. Esses acabam se sentindo incapazes de cooperar, tornam-se egoístas e muitas vezes até oportunistas. Podem se tornar manipuladoras do meio em que convivem quando perdem o senso de gratidão. Quando Adler fala de rejeição, refere-se àqueles que de certa forma não foram desejados e com isso acabam desconhecendo o amor gratuidade, tornando-se adultos “frios e calculistas”.
Adler é quem cria o termo “complexo de inferioridade”, trazendo em contrapartida o que propõe como a “luta de superioridade”, que significa a capacidade de um indivíduo de fazer movimentos de superação de obstáculos. Para que isso aconteça, Adler propõe uma certa agressão, diferente de hostilidade, que se fará necessária para que uma pessoa sobreviva. “A luta pela perfeição é inata no sentido de que faz parte da vida; uma luta, um impulso, um algo sem o qual a vida será inimaginável” (Adler – 1956).
Podemos assim fazer uma comparação entre os dizeres de Adler e Andrew, onde ambos falam de luta-esforço para superação. Muitas vezes nossas piores prisões são imaginárias. Limitações estas impostas, na maioria das vezes, por nós mesmos. Crescemos presos a amarras mentais, impostas por outros ou por nós mesmos. Libertar-se delas não é tão simples, pois faz-se necessário autodescoberta. Faz-se necessário domínio de si.
Existem mentes que são livres em uma cela e mentes que são prisioneiras no meio de uma multidão. Assim sendo, as derrotas podem, na maioria das vezes, serem escolhas de não luta. No Evangelho de São Marcos 10:50, temos o episódio do Cego de Jericó, um homem que vivia à margem e envolto em uma capa (seu único bem). Ao ser chamado por Jesus esse cego teve que fazer a ação de jogar sua capa, desfazer-se daquilo que ele acreditava ser sua proteção. Além de ser um apego de falsa proteção, essa capa do Cego de Jericó pode ainda simbolizar todos os seus estigmas, coisas impostas, misérias acumuladas que o impediam de ver e de ser livre.
Como diz Andrew Carmegie, “há pessoas que, vivendo numa prisão imaginária, são os prisioneiros de suas próprias mentes, ali jogados pelas limitações impostas a si mesmas, aceitando a pobreza e a derrota”.
Paz e Bem!