Falhas na Comunicação, como evitá-las?

Nós nos comunicamos o tempo todo com todos! Mas, nem sempre, paramos para perceber as imensas e impactantes ''falhas'' que nossa comunicação pode ter, e suas diversas interferências e ruídos. Mas, o que elas podem trazer de consequências? e como podem ''ofuscar'' nossa visão geral das pessoas e das circunstâncias?

Essas são algumas perguntas que podem nos levar a refletir sobre a importância de prestarmos mais a atenção ao nosso redor.

Quando nos comunicamos, muitas coisas estão envolvidas ao mesmo tempo, vamos perceber algumas delas, que podem influenciar na nossa ''percepção'':

• Energia (intenção), fala (palavras), expressão (linguagem corporal)

Quando nos comunicamos, boa parte da nossa comunicação está voltada a nossa ''energia'', ou seja, em torno de 40% do que transmitimos, é o quanto estamos confortáveis com essa transmissão ou o quanto acreditamos ou estamos envolvidos ou interessados em nos comunicarmos com as pessoas. Nós transmitimos inconscientemente para o outro, nossa percepção sobre ele, ou seja, quando ''não gostamos'' dele, ou não o admiramos, ou não estamos dispostos a nos envolvermos ou nos relacionarmos de alguma forma com ele, e essa troca ocorre de forma inconsciente, ou seja, nós absorvemos ou detectamos, sem pensar ou refletir a respeito, quase que sem perceber, mas que tem grande peso na nossa comunicação. Ou seja, quanto mais autêntico e verdadeiro nós formos, mais confiança e credibilidade passaremos para as pessoas que estamos nos comunicando

Em relação a nossa Linguagem corporal, também transmitimos como parte da comunicação nossa expressão corporal, que revela se estamos mentindo ou se estamos nos forçando a estar naquela situação para conversarmos com os outros, e isso interfere diretamente na nossa percepção sobre o quanto absorvemos a mensagem que o outro quis dizer ou como iremos interpretá-la, muitas vezes, se nossa segurança corporal está nos mostrando que está tudo bem, mesmo que algumas palavras não estejam, nós transmitimos segurança pela nossa postura.

Em relação a palavras, a forma com que as colocamos, pode fazer toda a diferença nesse conjunto de pilares importantes no momento de nos comunicarmos.

Lembro bem, inúmeras vezes que fui mal interpretada por não me sentir bem no meio em que estava, mesmo que minhas intenções fosse mas melhores possíveis, pois a timidez, por exemplo pode interferir fortemente na transmissão da mensagem, levando a outra pessoa a interpretar as intenções e situações de forma torcida, levando a outros resultados totalmente diferentes dos ideais. Neste caso é extremamente importante, que você se sinta bem e confortável ao transmitir sua mensagem, e confiante do que vai dizer, para que o conjunto todo transmita a mesma mensagem, com congruência, e não incoerência, ou seja, em palavras, postura e linguagem corporal e principalmente em sua energia!

• Perfil representativo (como absorvemos as informações)

Cada um de nós, tem uma forma específica de absorver informações. Alguns estudos mostram que temos em torno de 4 formas diferentes de nos entender, alguns são mais ''auditivos'', que absorvem tudo pelo ouvir, ou seja, meia palavra basta, com raciocínio rápido e síntese na forma de falar, já entendem tudo pelo que escutam e percebem no meio, e isso os torna mais apurados e sensíveis à audição. Outros são mais ''visuais'', absorvem tudo pelo ver, ou seja, visualizam situações, lugares, detalhes nas entrelinhas que tem grande peso na formação de sua própria interpretação sobre as situações e percepções. Outros são digitais, absorvendo tudo pela riqueza de detalhes e o quanto isso tudo faz sentido diante do contexto em que está, sendo necessário uma construção de raciocínio durante o detalhamento das informações; e outros são ''sinestésicos'' que absorvem tudo pelo sentir, mesmo que racionalmente algo é bom, se eles não se sentem bem em determinadas situações, não querem mais fazer parte daquilo ou estar naquela situação, querendo sair dali por um detalhe na voz alta ou incisiva de alguém, ou postura mais impositiva, o que por pequenos detalhes quase que irrelevantes para os demais perfis, para o sinestésico são cruciais. Neste caso é muito importante termos o autoconhecimento, sabermos como nós funcionamos e como os outros funcionam, para que possamos nos respeitar e respeitar os outros no seu total funcionamento.

• Grau de Conhecimento (Entendemos daquilo ou formamos uma percepção intuitiva)

Se pararmos para pensar, em tudo na vida, temos duas formas de ''concluirmos algo'', ou seja, ou nós estudamos sobre um determinado assunto e dele, concluirmos algo com propriedade, ou, ''compramos'' a ideia de alguém que por algum motivo, é uma referência no assunto ou é confiável por conhecermos a muito tempo, e apenas formamos opiniões baseadas no que os outros já pensaram a respeito. Um dos grandes riscos disso, é quando não percebemos conscientemente, quando estamos falando algo por conhecermos ou quando estamos falando algo automaticamente, sem refletirmos se realmente temos razão de acreditar dessa ou daquela forma. Um exemplo: Eu posso entender muito sobre desenvolvimento de produtos farmacotécnicos, e falarei com propriedade sobre o assunto, quando pensar em ratio de extrações fitoterápicas, o qual tenho uma criticidade muito mais apurada, pelos estudos e vivências que tive, mas, posso ter uma leve opinião sobre política, geral constatada pelo que vejo nas condutas dos políticos e governantes do país, sem entender as causas mais profundas de cada um dos partidos e aliados, ou seja, julgando conhecer ou não, um determinado político por pequenos detalhes que ele fez e que são conhecidos, e não as profundas ideias do que ele acredita e quer implementar no país. Quando não refletimos sobre isso, deixamos de ter tanta empatia, e entender a real intenção do outro, e isso acontece constantemente ao nosso redor, com as pessoas próximas, seja no ambiente de trabalho ou familiar.

• Valores e Experiências pessoais

Tudo o que acreditamos, pesa como o todo da pirâmide de nossas ações e comportamentos, ou seja, nossos valores, o que valorizamos, pesa nas nossas decisões. Não abrimos mão do que acreditamos e inconscientemente, julgamos as ações dos outros, como se eles tivessem os nossos valores, e muitas vezes, não percebemos que eles podem ter outros valores diferentes dos nossos. É importante não abrirmos mão dos nossos valores, mas, termos empatia de entender o que foi relevante para o outro no momento da nossa comunicação com ele e o ''por que'' de algumas atitudes diferentes do que ''imaginamos'' na nossa mente criativa.

• Falta de Empatia (por estarmos em outro contexto do que o outro)

Empatia é ''se colocar no lugar do outro'', não só no contexto, mas nas ações, experiências, sentindo a dor dele e o que o preocupa e interfere no que ele faz, assim, podemos olhar para ele com mais realidade e poderemos ajudá-lo, de forma mais assertiva, bem como identificar uma melhor forma de lidarmos com ele, e nos comunicarmos com ele da melhor maneira possível, falando a linguagem dele e tendo cuidado com ele, e não o induzirmos a estar ''armado'' perto de nós, falando apenas o mínimo superficial, mas realmente falando o que ele precisa falar e o que vai impactar melhorias no meio externo. Ex: quando eu converso com alguém que não confio, minha fala sempre será mais superficial, porque eu não tenho intimidade com a pessoa para falar o que realmente penso, justamente porque não vou me abrir ou demonstrar qualquer ponto de fragilidade para alguém que poderá utilizar isso contra mim'', e isso é um estimulo de defesa inconsciente, ou seja, eu faço sem perceber como uma defesa, e nesse caso, se você é um líder, poderá sair com uma ''falsa'' opinião de seu liderado, pela sua falta de empatia e intenção e preocupação real de se relacionar com ele, e não adianta pensarmos que os outros mentem, porque isso todos nós seres humanos fazemos, por instinto de sobrevivência, e não por maldade, são coisas diferentes, ''falar uma mentira é diferente de omitir sua intimidade''.

• Interpretação limitada ao nosso contexto

Nós temos visões limitadas, de acordo com o que já vivenciamos em nossas vidas, e isso acaba fazendo com que a gente acredite que ''sabe'' o que o outro está pensando, por que nós achamos que o outro pensará como nós pensamos e se comportará como nós iriamos nos comportar em determinada situação. Neste caso, nós corremos o imenso risco de errarmos, por ''limitar'' as pessoas a serem quem nós queremos que elas sejam, e não conseguirmos ver quem elas são na sua totalidade, e isso é muito mais relevante do que qualquer postura de fala bem colocada na comunicação. Neste caso, é importante sabermos nosso lugar, ao nos comunicarmos com os outros, sabendo que ''ninguém é melhor que ninguém'' e o que eu tenho de bom e desenvolvido, pode ser diferente do que o outro tem de bom e desenvolvido, ou seja, na comunicação, eu posso ver muitas coisas que o outro não vê, mas ele também pode ver muitas coisas em mim e nas circunstâncias, que eu não consigo ver!

Respeito e autenticidade, nos levam a entrarmos em um relacionamento verdadeiro diante da comunicação, para que seja feita uma ''construção'' de pontes de comunicação, para que cada vez mais, tenhamos verdades ditas em nossa comunicação com alguém, e não um distanciamento. Não é possível termos uma boa comunicação sem relacionamentos, mas é preciso termos limites bem definidos entre a comunicação. ''Até que ponto e como terei postura de me comunicar e quais as ferramentas que poderei utilizar para me comunicar bem e cada vez melhor?''

Nós nos comunicamos com cada ser humano de forma diferente, usando inúmeras ferramentas sem percebermos, porque nosso ''subconsciente'' já identifica o contexto, perfil, energia, linguagem corporal, experiências e já faz com que nós nos comuniquemos de forma única com cada um, faz sentido?

Cada pessoa ''nos estimula'' a termos um determinado comportamento, a falarmos de determinados assuntos específicos, e de agirmos de formas diferentes, e isso tudo, pelo estímulo inconsciente não só pelo que conversamos aqui nesse artigo, mas por muitos outros pontos relevantes que também influenciam nosso comportamento e comunicação, fato é, que quanto mais interessados estivermos em conhecer verdadeiramente as pessoas que nos relacionamos, melhor será nossa comunicação com elas, porque pela empatia, entramos no mundo delas, e quando elas fazem o mesmo, nós misturamos nossos mundos, ou seja, nosso poder de compreensão se expande além do que imaginávamos, reduzindo muitos ruídos de comunicação.