Violeiros e pesquisadores estão chamando atenção para a relevância da viola para a cultura brasileira realizando estudos e consultas com antropólogos e historiadores
Um movimento deflagrado no Brasil visa reconhecer a viola caipira como patrimônio imaterial da cultura, que representa práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas transmitidos de geração em geração e constantemente recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Botucatu aderiu a esse projeto e um dos principais entusiastas é cantor/compositor e produtor musical, Osni Ribeiro (foto). “A viola tem a importância de ter sido o primeiro instrumento de acompanhamento de canto a chegar ao país, testemunhando de perto nossa história até os dias atuais. É um dos instrumentos que mais representa o Brasil e sua ligação com nossas raízes, portanto, é a base de tudo o que é desenvolvido musicalmente até hoje tratando-se de música brasileira”, comenta Ribeiro.
Desde a colonização, diversas citações na literatura brasileira testemunham ser a viola, se não o mais popular, certamente um dos mais importantes instrumentos do país. Presente de Norte a Sul no Brasil, a viola possui diferentes formatos e “sotaques”. A mais difundida, a caipira, reúne o maior número de tocadores, principalmente em Estados como São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, claro, Minas Gerais.
Por causa disso, violeiros e pesquisadores estão chamando atenção para a relevância dela para a cultura brasileira realizando estudos e consultas com antropólogos e historiadores. Um dos grandes incentivadores do projeto é o músico, produtor e gestor cultural mineiro João Araújo. Ele realça que para que esse projeto tenha sucesso é preciso contar com ajuda dos municípios.
“A viola caipira perpassa diversas festas populares, como as folias de reis, o congado e a marujada. É o grande elo que liga essas várias manifestações culturais, tendo um papel estruturante em nossa cultura e em nossas diversas formas de nos expressar. Por isso, ao salvaguardar a viola, e nossas formas de fazê-la e tocá-la por extensão, nós também estamos salvaguardando todas essas outras ramificações culturais que estão associadas a ela”, aponta Araújo.