Especialista considera que a possibilidade de, por meio de estudos, evitar ou minimizar impactos ao desenvolvimento e continuidade da espécie foi o principal fator que contribuiu para que ela optasse por trabalhar com toxicologia da reprodução
“Questionar e buscar respostas e, com elas, mais perguntas é algo que me faz trabalhar cada vez mais com toxicologia da reprodução, pois tudo sempre é novo e interessante para mim”, assim a Engenheira Biotecnológica Cibele Santos Borges, que possui doutorado em Biologia Geral e Aplicada, define a motivação cotidiana pela área de pesquisa em que atua. Ela será uma das palestrantes do Pint of Science de Botucatu, festival internacional de divulgação científica que ocorrerá no período de 15 a 17 de maio.
O currículo da jovem, graduada em 2010, demonstra sua dedicação e gosto pela ciência. Cibele já realizou Doutorado Sanduíche pelo Instituto Armand Frappier (INRS), na província de Quebec, no Canadá. Atualmente é pós-doutoranda no Instituto de Biociências (IB) da Unesp, câmpus de Botucatu, sob a supervisão da professora Wilma Kempinas.
Mas a escolha por esse segmento ocorreu após Cibele vivenciar outras oportunidades durante sua formação acadêmica. “Durante a graduação, pude adquirir experiência tanto em pesquisa quanto em ensino e, além disso, entender como funciona uma empresa, pois pude estagiar em uma Empresa Jr. No final, entendi que o que eu mais me identificava era a pesquisa”, recorda a pós-doutoranda. “No entanto, foi apenas no mestrado, no laboratório ReproTox, onde eu realmente me encontrei”, acrescenta.
Quanto à preferência pela área de investigação, Cibele considera que a possibilidade de, por meio de estudos, evitar ou minimizar impactos ao desenvolvimento e continuidade da espécie foi o principal fator que contribuiu para que ela optasse por trabalhar com toxicologia da reprodução.
“Em minha área de pesquisa, inúmeros trabalhos têm sido publicados envolvendo o impacto de fármacos, compostos naturais e pesticidas sobre a qualidade espermática e fertilidade, assim como outros compostos utilizados na indústria de cosméticos e plásticos”, destaca a pós-doutoranda.“Além disso, inúmeros trabalhos sobre a influência da programação fetal na qualidade de vida, com ênfase na reprodução e no desenvolvimento estão em alta, uma vez que podem explicar fornecer subsídios para compreender a origem de doenças e problemas de infertilidade”, complementa Cibele.
Aproximação entre ciência e sociedade
Cibele foi finalista da 1ª edição brasileira do Festival de Ciência de Cheltenham (FameLab), competição de comunicação científica que ocorreu em 2016. Essa experiência, inclusive, contribuiu para seu aprimoramento e percepção sobre o papel da difusão da ciência em linguagem acessível.
Ela defende que iniciativas que visam à aproximação da população aos conhecimentos produzidos em universidades e centros de pesquisa contribuem para a desmistificação do senso comum sobre essa área. “Ser cientista é bem instigante, pois existe um ideal imaginário na cabeça da população do que é ser pesquisador e, quando se descobre como a ciência pode ser acessível, importante e inovadora, tudo se torna mais agradável e todos ficam interessados”.
E com esse objetivo de divulgar o conhecimento científico à sociedade de uma forma que não seja maçante que Cibele abordará o tema "Meus hormônios estão desregulados, quem bagunçou isso?” durante o Pint of Science de Botucatu. Em sua exposição, que ocorrerá no dia 17 de maio, às 19h30, no Vila Madalena, ela enfocará os desreguladores endócrinos por meio de exemplos cotidianos e também a maneira que eles podem impactar na reprodução humana e de animais.
“Desreguladores endócrinos estão ao nosso redor e, hoje em dia, pelo uso indiscriminado de vários compostos, por exemplo, anticoncepcionais e anabolizantes, o meio ambiente fica exposto a uma grande quantidade de substâncias capazes de alterar nosso organismo, desencadeando uma série de mudanças que, muitas vezes, podem trazer grandes prejuízos a nossa saúde”, explica Cibele.
“Tornar esta informação acessível e fazer com que a população saiba alguns riscos que estão correndo pelo uso abusivo de algumas substâncias, torna minha apresentação muito importante, e em um evento como o Pinto of Science faz com que, de modo leve e simplificado, a população mergulhe neste mundo da ciência e partilhe um pouco das nossas preocupações”, acrescenta a pesquisadora.
Sobre o Pint of Science – 22 cidades brasileiras vão sediar o Pint of Science este ano no Brasil, nas noites de 15, 16 e 17 de maio. Em Botucatu, o evento é realizado por alunos e docentes da Unesp e tem coordenação do professor Rafael Henrique Nóbrega, do Departamento de Morfologia do IB.
Diversos pesquisadores brasileiros, de diferentes áreas do conhecimento, estarão à disposição para conversar com o público nos bares e restaurantes onde a iniciativa ocorrerá. A participação no evento é gratuita e os interessados só pagarão o que consumirem nos locais.