Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Esporte / Saúde
06/09/2017

Emir: um goleiro que brilhou em Botucatu e no futebol profissional



Em entrevista o ex-boleiro, que vestiu a camisa de vários clubes do Brasil com atuações memoráveis, revelou um pouco de sua carreira futebolística  inspirada em seu pai que também foi um grande atleta  

 

Por: Jair Pereira de Souza

 

Não resta a menor dúvida que Emir Rodrigues de Souza foi um dos maiores goleiros do futebol de Botucatu. Tinha muita força explosiva muscular, agilidade e reflexo. Por isso, fazia grandes defesas e defendia muitos pênaltis. Um goleiro completo que chegou ao profissionalismo e vestiu a camisa de vários clubes do Brasil, com atuações memoráveis.

Em entrevista ao Alpha Notícias Emir que encerrou a carreira em plena forma aos 32 anos de idade revelou um pouco de sua carreira futebolística, que foi inspirada em seu pai que também foi um grande atleta.  Com 4 anos de idade, veio de Lins para Botucatu, por isso, embora linense, é botucatuense de coração.  Hoje Emir está com 69 anos e trabalha como caminhoneiro.

 

Início

"Dei meus primeiros passos jogando futebol nos grupos escolares e campinhos da Vila Maria. Tinha ali o campinho da barroca, ao lado tinha um riacho onde a gente nadava e se divertia muito. Comecei jogar de goleiro desde meu início quando criança. Estava na minha natureza. Nasci para ser goleiro. Meu pai também foi um grande jogador, por isso sempre falo que ser jogador já estava na minha natureza.  Meu pai foi jogador profissional no Linense. Era um grande zagueiro, tinha uma categoria impressionante. Seu  futebol  era clássico, sabia jogar e quando viemos para Botucatu jogou no time do Brasil de Vila Maria e tive a felicidade de jogar ao lado dele”.

 

Estreia

“Com 12 anos estreei no time principal da Vila Maria, porque faltaram os goleiros e eu tinha porte físico avantajado. Era um garoto forte. Entrei no gol e não sai mais. Jogando com a camisa da Vila Maria fui várias vezes campeão amador.  Depois recebi um convite do Domingos Deleo para jogar pelo time do Policial, onde fui campeão amador. Joguei também pelo Banho de Lua que era um time da Vila Maria. Depois fui para a Associação Atlética Ferroviária (AAF) onde também fui campeão amador”.

 

Companheiros

“Na minha época Botucatu era um celeiro de craques, com qualidades para serem jogadores profissionais. Muitos não foram porque não quiseram ou tiveram algumas dificuldades para deixar a família, o trabalho. Joguei com grandes jogadores aqui em Botucatu:  Toninho Santana, Zé Ito, Ovídeo, Olavo Guerreiro,  Celestrim, Bitinha, Dua, Vandão, Gonçalo Preto, meu pai Onavo, Furinho, Joãozinho Tatu, Dazilio, Índio, Furinho, Cido Corvino, Daniel e Moisés, só para citar alguns".

 

Profissional

“Fui levado para fazer meu primeiro teste pelo `véio` Guanxuma no Guarani de Campinas. Aliás,  o Guanxuma  ajudou muito o futebol de Botucatu e a maioria dos jogadores da cidade chegavam ao profissional através dele e se tornaram grandes jogadores em diferentes clubes do Brasil. Fiz meu primeiro teste no Guarani com o técnico Zé Duarte e fui aprovado. Só que ele falou: `Vou te contratar só que vou te emprestar para outro time porque aqui tem quatro goleiros disputando a posição. Como você é o mais novo não tem como você ficar aqui´. Então vim embora para minha casa com a ideia de desistir da carreira de futebol para seguir na minha vida de peão sendo caminheiro e também trabalhando com meu pai. Entretanto, os diretores do Guarani vieram me buscar,  fizeram uma posposta e acabei aceitando”.

 

Times

“Fiz um contrato de gaveta com o Guarani e fui emprestado para o XV de Piracicaba que foi o meu primeiro time profissional. Cheguei lá já jogando como titular. Fiquei três anos e me transferi para o Marília onde  fiz um bom Campeonato Paulista, obtendo o terceiro lugar e fui o goleiro menos vazado do campeonato. Do Marília fui para o Goiás, depois para o Vila Nova de Goiás. De lá fui para o Anapolina de Goiás, onde fui vice-campeão Goiano e disputei o Campeonato Brasileiro. Foi o ano em que o Palmeiras foi campeão brasileiro, o Guarani foi vice e o Anapolina foi terceiro colocado. Depois fui para o Internacional de Limeira onde fiquei um ano e fomos vice-campeão da série B do Campeonato Paulista. Também joguei no XV de Jaú. Depois retornei para o Anapolina onde encerrei minha carreira em plena forma, aos 32 anos".

 

Defesa

“Em 1976, jogando pelo XV de Jaú, fui campeão invicto da segunda divisão do Campeonato e fiz uma das maiores defesa da minha carreira. O XV de Jaú disputou a final no estádio Brinco de Ouro, em Campinas, campo do Guarani,  contra o Santo André e aconteceu um lance em que fiquei frente a frente com o atacante. Ele chutou a bola e eu rebati. Ela sobrou, novamente, para o atacante que chutou e, mesmo no chão, fiz a defesa e rebati a bola que sobrou para outro atacante que entrou de cabeça na bola, mas consegui evitar o gol. Foram três defesas consecutivas. Um milagre! Deu tudo certo! Foi tudo muito rápido e posso dizer que tive muita agilidade, reflexo e força explosiva muscular para saltar rapidamente em cada defesa. Neste jogo ganhamos de 2xO e ainda defendi dois pênaltis, um no primeiro tempo e outro no segundo tempo. Um dia que marcou minha carreira".

 

Corinthians

“Jogando pelo XV de Piracicaba tive uma atuação que também não esqueço enfrentando o Corinthians no Estádio do Pacaembu que estava lotado e fui considerado o melhor jogador. Foi um dos jogos mais importante de minha carreira, na estreia do jogador César que foi um dos maiores centroavante do Palmeiras e havia sido contratado pelo Corinthians.  O jogo estava em 1x1 e aos 44 minutos do segundo tempo o juiz que era Armando Marques  `arranjou´  um pênalti para o Corinthians. O César foi o encarregado da cobrança. Fui para o canto certo e defendi. Fui considerado o melhor jogador deste jogo".

 

Treinador

“Quando encerrei a carreira fui morar em Santa Isabel, uma cidade bem próxima de São Paulo e fazia faculdade de Fisioterapia em Guarulhos. O Ailton Lira que jogou no Santos e São Paulo trabalhava com um time profissional de Guarulhos e como tinha muita amizade com ele, fui convidado para trabalhar ao seu lado como treinador de goleiro e aceitei. Trabalhava durante o dia e a noite fazia faculdade. Só que o Ailton Lira saiu e veio no lugar dele o Joãozinho, que jogou no Guarani e Santos e começamos a trabalhar juntos. Um dia o Joãozinho me falou que recebeu um convite para trabalhar no Benfica de Portugal e me convidou para ir com ele. Aceitei o convite, mas acabei não indo porque logo em seguida o Joãozinho me ligou dizendo que havia recebido um convite para trabalhar no Santos e não ia mais viajar para Portugal. Acabamos indo trabalhar no Santos e me tornei treinador de goleiros da equipe praiana por 11 anos. Fui treinador de goleiros das categorias de base e também do time principal. Treinei Zetti que foi goleiro de São Paulo e Seleção Brasileira; Edinho filho do Pelé; Sérgio que jogou na Ponte Preta e também na Seleção Brasileira; Robson;  Nando;  e muitos outros. Nesse período também trabalhei com Vanderlei Luxemburgo, Osvaldo de Oliveira, PC Gusmão e Emerson Leão, que foram técnicos do Santos".










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