Fotos - Valéria Cuter
Usando seu bom relacionamento nos clubes, Zé Maria já mudou a vida de muitos adolescentes problemáticos e quando uma unidade faz contato sobre algum menino de potencial ele vai observar para buscar espaço para ele em algum clube
Nesta quinta-feira o ex- jogador José Maria Rodrigues Alves, o Super Zé, que nasceu na Fazenda Lageado e foi (e continua sendo) um dos maiores ídolos da torcida corintiana de todos os tempos, esteve em Botucatu acompanhando a visita que o ex-interno Jadson Ailton, de 18 anos, fez a Fundação do Centro de Atendimento Socieducativo ao Adolescente (CASA). O garoto está de malas prontas para jogar no Benfica, de Portugal, e visitou os internos, funcionários, diretores e educadores daquela unidade.
Um dos responsáveis pela ascensão desse garoto foi o Zé Maria que coordena já há 16 anos as atividades esportivas em 145 unidades das Fundações de São Paulo agregando cerca de 9.500 internos, sendo 95% do sexo masculino. Foi na Copa CASA de Futebol que Jadson ganhou projeção. Quando surgem novos talentos, como Jadson, principalmente no futebol, ele os encaminha para um período de testes em clubes paulistas.
“É gratificante ver um garoto que era problemático se transformar e mudar sua postura. Ele está tendo a grande oportunidade da vida e tem que aproveitar. É um menino bom e acredito que poderá ser mais um grande jogador a representar o Brasil na Europa. Estou torcendo muito por ele. Cada vez que um garoto se recupera é motivo de festa para todos nós”, colocou Zé Maria, que coordena as atividades esportivas das Fundações paulista há 16 anos, trabalhando para a resposta ser positiva, com a recuperação dos menores infratores.
Como coordenador ele assiste a todas as partidas da Copa CASA e seleciona atletas para disputar amistosos que servem de testes para os garotos tentarem uma vaga em algum clube. “Levamos e avisamos que o garoto não tem condicionamento físico, então ele tem de ser acompanhado de perto. Ao invés de fazer um treino só, acaba fazendo três, quatro. Alguma coisa vamos encontrar para ele”, aponta.
Usando seu bom relacionamento nos clubes, Zé Maria já mudou a vida de muitos adolescentes problemáticos. “A unidade faz contato sobre algum menino de potencial e eu vou lá olhar. Então, buscamos espaço para ele em algum clube. Mesmo que não dê certo, o importante é despoluir a mente e mostrar que pode haver vida do lado de cá do muro”, explica Zé Maria.
Zé Maria revela que procura conversar com os meninos para lhes passar um pouco da sua formação, educação e da sua experiência, para que possam voltar ao caminho do bem. “Você acaba contando um pouco da sua história, da sua vida, das dificuldades, da importância e disciplina. Damos algumas pinceladas sobre o uso de coisas indevidas nas nossas conversas. Tento passar para eles a importância de ter uma boa educação, de respeitar o profissional para ser respeitado, e o esporte tem sido uma ferramenta para isso. Estamos conseguindo resultados maravilhosos. Não visamos à formação de profissionais no esporte. É muito mais pelo lado social”, diz o ex-lateral do Corinthians e da seleção brasileira.
A coordenadoria não é somente para o futebol e sim para todos os esportes e Zé Maria participa de todas as modalidades. Conta que certa vez, foi até improvisado para apitar uma partida de vôlei. “O esporte oferece muita oportunidade”, enfatiza, lembrando uma particularidade interessante. “Nesses 16 anos convivendo com adolescentes infratores jamais presenciei um caso de indisciplina nas competições. Todos esses garotos querem mesmo é a oportunidade. Sabem que, para deixar a Fundação e disputar um jogo precisam ter disciplina e força de vontade e eles seguem essa regra”.