Por: Quico Cuter
Fotos: Valéria Cuter
Entre os guardados estão as primeiras bolas e camisas quando os sócios ainda não tinham seu local para jogar aos sábados e perambulavam pelos campos da Hidroplás, Embraer, Cesp, Duratex, até que o grupo conseguiu comprar uma gleba de terra no Green Valley
De todos os sócios da Associação Esportiva Rebola, time de futebol que em setembro estará completando 35 anos de existência em Botucatu, o professor Antônio dos Santos Fernandes, de 72 anos, conhecido como Toninho, é o que guarda verdadeiras relíquias desse clube que tem sua sede em uma chácara no Green Valley.
Entre seus guardados estão as primeiras bolas e camisas usadas pelo clube ao longo dos anos, quando o grupo ainda não tinha seu local para jogar aos sábados e perambulava pelos campos da Hidroplás, Embraer, Cesp, Duratex, até que um grupo de sócios conseguiu comprar uma gleba de terra no Green Valley. Ali foi construído o campo de futebol e a sede, que hoje agrega pessoas de diferentes segmentos sociais de Botucatu.
“O nome Rebola foi tirado do nome do Renato Vieira de Mello e do apelido de Milton Devidé, que é Bolinha. Unindo Renato e Bolinha, saiu o Rebola. Quando compramos o terreno só tinha mato e eucalipto. Aos poucos contando com a ajuda dos integrantes do grupo o campo foi tomando forma até que passamos a usá-lo. Vou te falar uma coisa: desde que o grupo se uniu pela primeira vez, o sábado passou a ser sagrado. A família Rebola não deixou mais de reunir para o jogo de futebol. E isso acontece há quase 35 anos”, conta Toninho.
O "rebolense" mostra uma bola que tem uma particularidade interessante. “Como a gente não tinha dinheiro para comprar bola nova, eu pintava a velha e já bastante desgastada, levava para o campo e apresentava como se fosse nova. Era uma maneira de manter aquele grupo unido, orgulhoso e motivado. Olha, o Rebola tem muita história pra contar”, aponta.
Toninho também relata um episódio que mexeu com todos os integrantes do grupo. “Um dos sócios fundadores era o brigadeiro Marcos (Batista dos Santos), que tinha uma grande paixão pelo Rebola. Um dia numa reunião, com seu jeitão peculiar de falar ele disse que como era o mais velho do grupo a tendência é que seria o primeiro a morrer e nos fez um pedido. `Quero ser cremado e que minhas cinzas sejam jogadas nesse campo (do Rebola)´. Isso nos pegou de surpresa, mas a vontade do brigadeiro foi feita e suas cinzas estão em um local especial em frente ao campo de futebol”, relembra Toninho. "Por isso, nosso campo é chamado de Brigadeirão", acrescenta.
E Toninho conclui: “Posso dizer que os sócios formaram uma grande família. São pessoas de diferentes profissões que se agregaram, se uniram e se encontram todos os sábados. Muitos foram importantes nessa trajetória, que colocaram a mão na massa para fazer do Rebola um clube de muitos amigos. Não vou citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém, pois todos têm o mesmo tamanho, a mesma importância e amam o Rebola como eu”.