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Política
28/10/2018

Jair Messias Bolsonaro é eleito o 38º presidente da República do Brasil



Fotos - Divulgação

Depois de sete mandatos e 28 anos no Congresso Nacional, o parlamentar chega ao mais alto cargo do país depois de canalizar a frustração de parte do eleitorado brasileiro com a corrupção sistêmica

 

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), de 63 anos, capitão reformado do Exército, foi eleito presidente da República com pouco mais de 55% dos votos válidos, derrotando o candidato do PT, Fernando Hadda. Depois de sete mandatos e 28 anos no Congresso Nacional, o parlamentar chega ao mais alto cargo do país depois de canalizar a frustração de parte do eleitorado brasileiro com a corrupção sistêmica.

Jair Bolsonaro sofreu um duro golpe quando estava em campanha na Cidade de Juiz ded Fora e foi esfaqueado. No desfecho de uma campanha presidencial marcada por correntes de Whatsapp e vídeos caseiros transmitidos da própria sala, Bolsonaro foi eleito para o mais alto cargo da República, com mais de 50 milhões de votos.

Depois de sete mandatos na Câmara dos Deputados depois (desde 1991, de forma ininterrupta, totalizando 27 anos em Brasília), Jair Bolsonaro chega à Presidência da República com mais de 50 milhões de votos preenchendo lacuna deixada pelo desgaste do PT, envolvido em escândalos de corrupção, e do PSDB, também enfraquecido, que teve votação inexpressiva com Geraldo Alckmin no primeiro turno. O candidato do PSL canalizou as frustrações de parte do eleitorado em momento marcado pelo antipetismo e pela desmoralização da política.

Embora a candidatura do deputado federal pelo Rio tenha sido oficializada em 22 de junho – pelo Partido Social Liberal (PSL), depois de um flerte com o Patriota –, o nome de Bolsonaro veio tomando força nos últimos cinco anos, desde os protestos de 2013, e ganhou musculatura na esteira das manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, quando votou pelo impedimento invocando o nome do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa (DOI-Codi).

Nos últimos anos, Bolsonaro surfou na onda conservadora – fenômeno global – e se valeu da popularidade nas redes sociais, que cresceu com suas posições e aparições em programas de TV – dos humorísticos Pânico e CQC ao programa de Luciana Gimenez, na RedeTV. De meados de 2016 às eleições, viu seu número de seguidores multiplicar no Facebook, de 3 milhões para 7,8 milhões de curtidas.

Desde que levou facada no abdome, em ato de campanha, em Juiz de Fora, passou a fazer transmissões ao vivo pela rede social, em cenário improvisado em casa. As lives chegam a ter mais de 6 milhões de visualizações e dividem espaço com trechos de palestras, discursos e montagens enviadas pelos apoiadores – boa parte delas com críticas ao PT e seu candidato, Fernando Haddad, e às pautas defendidas pela militância de esquerda.

Impossibilitado de fazer campanha nas ruas, os três filhos mais velhos assumiram ainda mais a função de porta-vozes do discurso do pai. São eles, pela ordem de idade, Flávio, de 37 anos, eleito senador, mais votado no Rio (4.380.418 votos); Carlos, de 35, vereador no Rio; e Eduardo, de 34, o deputado federal mais votado da história (1.843.735), por São Paulo. Os três são fruto do primeiro casamento com Rogéria Nantes. Com a segunda esposa, Jair tem outro filho, Renan; e da terceira e atual, Michelle, tem Laura.

Os filhos, especialmente Carlos, ajudam o pai a administrar as redes sociais. A popularidade da família foi ainda mais impulsionada em grupos de WhatsApp – alvo de polêmica na reta final das eleições, depois que reportagem da Folha de S. Paulo afirmou que empresários chegaram a gastar R$ 12 milhões para impulsionar mensagens a favor do candidato e contra o PT. Flávio Bolsonaro chegou a ter o número banido, por comportamento de spam. Depois, afirmou que o número foi liberado.



Carreira militar

Bolsonaro é o primeiro candidato de extrema-direita a ter votação expressiva para o cargo de presidente da República no período democrático. Antes dele, o melhor desempenho havia sido de Enéas Carneiro, do extinto Prona, que surpreendeu ao terminar em terceiro no pleito que elegeu Fernando Henrique Cardoso, em 1994. Teve 4,6 milhões de votos, à frente de Brizola e Orestes Quércia, curiosamente, em uma eleição que sucedeu outro impeachment, o de Fernando Collor de Melo.

Eleito pela primeira vez em 1988 para defender os interesses dos militares, a ligação de Bolsonaro com as Forças Armadas é anterior à sua preparação para ingressar na Academia Militar das Agulhas Negras, em 1973. Em 1970, quando tinha 14 anos e trabalhava na extração de palmito nas matas do Vale da Ribeira, no sul de São Paulo, passou a colaborar com o Exército que estava à procura de Carlos Lamarca, capitão do Exército que desertou e montou base de treinamento na região. Por conhecer as matas, ajudou na busca do guerrilheiro, morto em 1971, no interior da Bahia.



Carreira política

A passagem de dois anos pela Câmara Municipal do Rio foi discreta. Bolsonaro apresentou sete projetos, um deles de transporte gratuito para militares em ônibus urbanos. No fim de 1990, com discurso conservador, foi eleito para o primeiro de sete mandatos de deputado federal. Passou por sete partidos: PDC (1988-1993), PPR (1993-1995), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-217) e PSL (2018). Em 27 anos no Congresso, foi autor de 162 projetos, segundo o Portal da Câmara dos Deputados.

Em 2014, Bolsonaro teve sua maior votação para deputado federal, com 464 mil votos – o mais votado do Rio. Neste domingo, 28, com mais de 50 milhões de votos, Jair Bolsonaro é eleito o presidente do Brasil, com posse marcada para 1º de janeiro.

 

Discurso

O presidente eleito usou sua conta oficial no Facebook, que tem mais de 8 milhões de seguidores, para transmitir seu primeiro discurso após a vitória. O pesselista obteve pouco mais de 55% dos votos válidos, contra 44% de Fernando Haddad (PT).

Foram quase 8 minutos de pronunciamento na rede social, ao lado de sua esposa, Michele, e de uma tradutora de Libras (Língua Brasileira de Sinais). As imagens foram gravadas na casa do próprio candidato eleito. Sobre a mesa, havia exemplares da Bíblia, da Constituição e de um livro sobre o ex-primeiro ministro britânico Wiston Churchill, que liderou o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial.

Inicialmente, Bolsonaro fez uma referência religiosa e agradeceu aos médicos que cuidaram de sua saúde, após o atentando à faca que sofreu no dia 6 de setembro. "Fizemos uma campanha diferente das outras. Nossa bandeira e nosso slogan, fui buscar naquilo que muitos chamam de caixa de ferramentas para consertar o homem e a mulher: a Bíblia sagrada",

Ele lembrou que tomou a decisão de disputar a Presidência da República há quatro anos. "A verdade tem que começar a valer dentro dos lares, até o ponto mais alto, que é a Presidência da República. O povo, mais que o dever, tem o direito de saber o que acontece em seu país. Graças à Deus, essa verdade o povo entendeu perfeitamente. Alguém sem um grande partido, sem um fundo partidário, com grande parte da grande mídia o tempo todo criticando, colocando-me numa situação, muitas vezes, próximo a uma situação vexatória".

Sem fazer referência a Fernando Haddad, o presidente eleito falou que o país clamava por mudança e fez críticas à esquerda, prometendo governar sem indicações políticas. "Não podíamos mais continuar flertando com o socialismo, o comunismo e o extremismo da esquerda. (...) O que eu mais quero, seguindo o ensinamento de Deus, ao lado da Constituição brasileira, inspirando-se em grandes líderes mundiais e com uma boa assessoria técnica e profissional, isenta de indicações políticas de praxe, começar a fazer um governo, a partir do ano que vem, que possa colocar o Brasil em um lugar de destaque", afirmou.

Bolsonaro disse ainda que terá governabilidade, "dado os contatos que fizemos ao longo dos últimos anos" e disse que "todos os compromissos assumidos com essas bandeiras serão cumpridos, com o povo em cada local do Brasil em que estive presente".  

Minutos depois, Bolsonaro falou em rede nacional, para emissoras de rádio e televisão do país. Antes de ler o discurso escrito, houve um rápido momento de oração, puxado pelo senador Magno Malta (PR), integrante da bancada evangélica e aliado do presidente eleito. Nesse segundo pronunciamento, Bolsonaro voltou a agradecer a Deus e ao povo brasileiro e falou dos diversos compromissos assumidos.










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