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Regionais / Brasil
05/12/2016

Defesa da Lava-Jato e de pacote anticorrupção ocorrem em atos no país



Fotos e Fonte: Agência O Globo

 

Os atos foram convocados pelos grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) — dois dos principais organizadores de protestos que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

 

Manifestantes foram às ruas em 200 cidades do país neste domingo para atos em defesa da Operação Lava-Jato e do pacote anticorrupção, que, ao ser votado na Câmara, foi desfigurado. Das dez medidas sugeridas pelo Ministério Público Federal e que contaram com mais de 2 milhões de assinaturas de apoio, salvaram-se integralmente apenas duas.

Os parlamentares ainda incluíram no projeto a tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público. Em São Paulo, centenas de manifestantes estão na Avenida Paulista. Dois bonecos gigantes, um do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ambos vestidos de presidiários, já foram inflados. Além de São Paulo, ocorreram atos em nove estados e no Distrito Federal.

No Rio, a manifestação ocorreu em Copacabana. Os principais alvos dos manifestantes foram os presidentes da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado. A Polícia Militar não divulgou o número de pessoas que participaram do ato.

Em Brasília, o juiz Sérgio Moro, responsável pela operação, foi uma das figuras mais retratadas no protesto. O trânsito na Esplanda foi fechado. Segundo Secretaria de Segurança do DF, 1,7 mil agentes foram destacados para o protesto, que terminou por volta de meio-dia e contou com 5 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar.

Em Belo Horizonte, cerca de 8 mil pessoas participaram do ato, segundo a organização. A Polícia Militar não divulgou o número de pessoas. Em Recife, o evento foi encerrado com participação de 16 mil pessoas segundo os organizadores. A PM não deu estimativa. Foram registrados atos ainda em Goiânia, Curitiba, Salvador, Manaus, Belém e Maceió.

Os atos foram convocados pelos grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) — dois dos principais organizadores de protestos que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O Vem pra Rua anunciou protestos em 232 cidades dos 26 estados e no Distrito Federal.

Na página do evento no Facebook, 135 mil pessoas haviam confirmado presença até a noite deste sábado. O evento já foi compartilhado mais de 1 milhão de vezes. Também foram convocados atos em oito cidades no exterior: Sydney, Springfield, Nova York, Montreal, Londres, Lisboa, Dublin e Cidade do México.

Os deputados incluíram no “pacote anticorrupção” o crime de abuso de autoridade para juízes e procuradores, que podem passar a enfrentar retaliação dos investigados. E retiraram, por exemplo, o crime de enriquecimento ilícito, que ocorre quando a origem dos bens não é justificada pela renda de agentes públicos.

Para os líderes do protesto, o pacote aprovado pelos deputados é um retrocesso. O ato também servirá para pedir a saída do presidente do Senado, que na última quinta-feira virou réu no Supremo Tribunal Federal, e o fim do foro privilegiado, que alcança praticamente todos os políticos.

 

Não podemos admitir cangaço, diz promotor

O promotor Roberto Livianu, do Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), convidado pelo Vem pra Rua para discursar durante o ato deste domingo na Paulista, afirma que o pacote anticorrupção foi mutilado pelos deputados.

“Intactas mesmo ficaram apenas duas das 10 medidas anticorrupção propostas, a da transparência e a criminalização do caixa 2. Todas as demais foram mutiladas, algumas completamente, outras parcialmente. Não podemos mais admitir cangaço e coronelismo. Metralharam tudo, sobrou menos de 20% do teor original. A cena que vimos na quarta-feira, com o país de luto e dormindo, é de cangaço”,  critica Livianu.

Em nota, o Vem Pra Rua afirma que a evolução da Operação Lava-Jato levou uma parte expressiva da classe política a demonstrar "preocupação indisfarçável com os rumos da investigação e suas consequências. Por isso, políticos tem buscado formas de impedir a evolução dos trabalhos da força-tarefa e a aprovação de leis que possam punir os que cometeram crimes.

A manifestação deste domingo havia sido convocada inicialmente contra a tentativa dos parlamentares de anistiar crimes de caixa dois, mas os presidentes da República, Michel Temer; da Câmara e do Senado anunciaram que esta emenda não será aprovada.










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