Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Segurança
09/03/2018

Júri popular condena a 23 anos de prisão mulher que arquitetou morte do marido



Fotos: Valéria Cuter

O destaque é que esse julgamento foi  realizado no Dia Internacional da Mulher,  sendo o júri popular formado por 7 mulheres. Também trabalharam 2 advogadas criminalistas  e 4  serventuárias do Fórum, sem falar que havia duas rés sendo julgadas

 

Em um concorrido julgamento que teve início às 9 horas desta quinta-feira (dia 8) e só encerrado por volta das 5 horas da manhã desta sexta-feira (dia 9), o júri popular formado por sete pessoas da sociedade botucatuense entre as 23 convocadas, optou pela condenação da ré Antônia Electa Santucci, que na denúncia da Promotoria Pública foi acusada de arquitetar o assassinado do seu marido, o corretor de imóveis, Laurindo Pires Marques, de 68 anos, conhecido como Português, crime ocorrido na noite do dia 27 de abril de 2014, na sala de uma residência na Rua Amando de Barros.

O julgamento teve, ainda, outros dois réus  julgados nesse mesmo dia:  Silvana Zildete Santucci de Oliveira (irmã de Antônia) e Leandro Rogério Teles, apontado com um dos executores. O julgamento do assassinato de Marques seguido de ocultação de cadáver e corrupção de menores foi presidido pelo juiz titular da 2ª Vara Criminal, Henrique Alves Corrêa Iatarola, tendo como representante do Ministério Público o promotor de Justiça, Marcelo Otávio Camargo Ramos.

Na defesa dos réus atuaram os advogados criminalistas, Roberto Fernando Bicudo e Júlia Sogayar Bicudo (defendendo Antônia e sua irmã Silvana) e Marcelo Piaciteli, tendo na assistência Priscila Cristina Baer (defensores de Leandro).

Após o depoimento de várias testemunhas e o debate entre acusação e defesa com direito a réplica e tréplica o juiz presidente do Tribunal de Júri de Botucatu, Henrique Iatarola, proferiu a sentença aplicado aos réus condenações diferenciadas de acordo com o grau de participação de cada um no crime. Quatro adolescentes que também tiveram participação nesse crime já foram julgados, anteriormente, e todos acabaram condenados.

Antônia Santucci foi condenada por homicídio triplamente qualificado, ocultação do cadáver e corrupção de menores, sendo apenada em 23 anos, 3 meses e 8 dias de reclusão em regime, inicialmente, fechado. Leandro foi condenado a 14 anos, 4 meses e 24 dias de reclusão em regime inicial fechado por homicídio triplamente qualificado e absolvido da corrupção de menores e ocultação de cadáver. Já Silvana, acusada de ter feito o contato com os adolescenbtes,  foi condenada em crime de corrupção de menores com pena de 2 anos, em regime semiaberto. 

A particularidade é que esse julgamento foi  realizado no Dia Internacional da Mulher, sendo o júri popular formado por 7 mulheres. Também trabalharam 2 advogadas criminalistas e 4 serventuárias do Fórum. Isso sem falar que havia duas mulheres no banco dos réus.

 

Relembrando o crime

Na ocasião dos fatos, a vítima foi encontrada pela Guarda Civil Municipal em uma estrada de terra num canavial ao lado de sua caminhonete Montana, placas DZI-2246, no final da Avenida Prefeito Joaquim Amaral Amando de Barros, no Jardim Cambuí.

Durante o trabalho investigativo os policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), apuraram que o crime foi arquitetado por Antônia, que contratou quatro adolescentes e Leandro Rogério Teles, de 19 anos (na ocasião), que executaram a vítima, recebendo para consumar o crime.

Quando foi presa, a mandante do crime alegou que estaria sendo traída pelo marido e era agredida pelo mesmo e não queria passar os bens em seu nome.  Orientados por ela os executores invadiram a residência do casal, na Rua Amando de Barros, e mataram Marques por enforcamento no sofá da sala. Posteriormente, colocaram o corpo da vítima na sua própria caminhonete pick up que foi conduzida por Leandro para “desovar” o corpo em um local ermo do Jardim Cambuí.

Outro carro, conduzido por Antônia fez o acompanhamento para trazer Leandro para o centro da cidade, já que a caminhonete ficou no local, junto ao corpo. Todos os envolvidos foram identificados para responder por crime de homicídio triplamente qualificado. Os acusados, moradores do Jardim Monte Mor, relataram que foram contratados pela mulher para dar um susto no marido, mas ela teria mudado de idéia e deu ordem para matá-lo.

O delegado titular da DIG, Celso Olindo revelou que Antônia presenciou a morte do marido. “Na sala, puseram corda no pescoço dele, deram duas voltas e ficou um adolescente em cada ponta puxando, inicialmente sem força”, afirma. Nesse momento, a dona de casa teria questionado o corretor sobre suposta traição e cobrado a transferência de bens para o seu nome. Em seguida, de acordo com o titular da DIG, ela teria dado ordem ao grupo para que o marido fosse morto.

Logo após o assassinato do marido, de acordo com o delegado, Antônia usou o celular dele para mandar uma mensagem de texto com o objetivo de ocultar o crime. No texto, ele a chamava de “Preta”, pedia perdão e dizia para ela procurar um amigo para pedir orientação e receber dinheiro. “A mensagem denota que ele ia praticar suicídio ou sumir da cidade”, conta. Segundo Olindo, os acusados ainda tentaram amarrar o corretor de imóveis no galho de uma árvore para simular um suicídio por enforcamento, mas não conseguiram e acabaram abandonando-o ao lado de seu veículo.










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