O detalhe desse julgamento é que foi o último presidido pelo juiz Henrique Alves Corrêa Iatarola que pediu sua transferência para trabalhar em Santa Bárbara d´Oeste, onde residem seus familiares
Foram 22 anos, 4 meses e 24 dias em regime fechado, sem direito de recorrer em liberdade. Foi esta a sentença proferida ao réu Wanderlei de Souza Pereira, vulgo “Vandão” pelo juiz titular da 2ª Vara Criminal da Comarca e presidente do Tribunal de Júri de Botucatu, Henrique Alves Corrêa Iatarola, que coordenou os trabalhos em plenário do julgamento realizado nesta quinta-feira. O julgamento foi iniciado às 9h e encerrado às 23h.
Nos autos do processo o réu foi apontado como coautor (mandante) do assassinato cometido contra Marcos Pinto, conhecido como Quitão, em 25 de outubro de 2013. O crime aconteceu na garagem de casa dos parentes da vítima na Rua Regente Feijó, que faz cruzamento com a José Candeias Júnior, na Vila Real.
Outro acusado por este crime, Fabiano Souza Silva, conhecido como “Paraíba” foi julgado em 5 de novembro de 2015 e acabou condenado a uma pena de 17 anos de reclusão. Ao ouvir a sentença o réu gritou: "A justiça é cega! Sou inocente!". Já Vandão teve seu julgamento desmembrado para ser agendado para esta quinta-feira.
Representando o Ministério Público esteve o promotor de justiça, Marcos José de Feitas Corvino e na defesa do réu o advogado criminalista Roberto Fernando Bicudo. Sete pessoas leigas da sociedade botucatuense, formaram o Conselho de Sentença e optaram pela condenação do réu após o debate entre acusação e defesa.
A denúncia
Consta da denúncia, elaborada pela promotoria pública que Vandão, juntamente com Fabiano Souza Silva, conhecido como Paraíba, assassinaram Marcos Pinto, alcunhado de Quitão. No dia dos fatos, Marcos Quitão, que havia sido julgado e condenado a 30 anos de reclusão por um duplo assassinato e um homicídio tentado, cumpria pena na Penitenciária de Bauru desde 2006 e havia sido beneficiado com a saída temporária, conhecida como “saidinha” do Dia das Crianças. Chegou a Botucatu na sexta-feira e ficaria em liberdade até o final da tarde de terça-feira quando se apresentaria à carceragem do presídio. Mesmo estando preso ele já havia sido jurado de morte e tinha desavença com a família de Vandão.
Ele estava na casa de parentes quando dois homens encapuzados o chamaram. Quando Quitão apareceu na porta da sala recebeu uma saraivada de balas de pistola 9 mm. Foram disparados 36 tiros, sendo que 16 deles atingiram diferentes partes do corpo da vítima, principalmente, na cabeça. Após o crime os assassinos fugiram. Fabiano Souza Silva foi apontado como um dos criminosos e preso. Vandão foi acusado como coautor do crime.
Juiz se despede
O detalhe desse julgamento é que foi o último presidido pelo juiz Henrique Alves Corrêa Iatarola, em Botucatu. O magistrado pediu sua transferência para trabalhar em Santa Bárbara d´Oeste, onde residem seus familiares. Ao encerramento do julgamento o magistrado fez um emocionado discurso agradecendo os serventuários do Fórum.
Iatarola deixa a Cidade na próxima segunda-feira, dia 2 de setembro. Em seu lugar na presidência do Tribunal de Júri de Botucatu e na titularidade da 2ª vara criminal assume a juíza Cristina Escher, que virá da 4ª Comarca de São Paulo.