Por razões que ainda não foram explicados o avião decolou do aeroporto botucatuense, mas não conseguiu altura e caiu segundos depois em meio a um canavial e as vítimas foram resgatadas pela equipe do Corpo de Bombeiros
É grande a chance de que as investigações sobre a queda da aeronave ultraleve experimental Coyote, prefixo PU-TFM, que caiu em um canavial nas proximidades do aeroporto Tancredo Neves em Botucatu, na tarde do último sábado, não se alonguem e nem cheguem a conclusões definitivas. O acidente tirou a vida do técnico de som Cesar Titon, de 60 anos e da passageira e industriaria, Maria José Quaresma de Jesus, de 34 anos.
Em razão de a aeronave ser experimental os destroços do ultraleve não serão periciados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e por técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreo (Cenipa), que conta com profissionais especializados em acidentes aéreos. No local do acidente esteve a Polícia Técnica Científica de Botucatu para fotografar o local da queda, posição dos corpos e recolher destroços para elaborar o laudo pericial e entregar à Polícia Civil de Botucatu. “Para uma conclusão mais apurada, esse trabalho deveria ser feito por técnicos especialistas nesse tipo de acidente”, disse um perito que pediu a omissão de seu nome.
Por ser experimental, o ultraleve que pertencia a Titon não possuía caixa-preta, dispositivo que grava a voz do piloto e os comandos e condições técnicas do avião não passou pelos testes de segurança da Anac, que atestariam a capacidade da máquina de voar. Porém, a operação de ultraleves não é proibida pelo governo. Além disso, Titon tinha 25 anos de experiência, fazia vôos com freqüência dentro das normas de especialização de voo e realizava todos procedimentos de segurança e manutenção da sua aeronave.
O caso é complexo e necessitaria uma investigação minuciosa e especializada para apurar as causas da queda. Entretanto, é de praxe o Cenipa não investigar acidentes com aviões experimentais como este de Titon, porque, segundo ele, “é gasto muito dinheiro com pouco retorno e o conhecimento que se obtenha com a investigação, não poderá ser aplicado à indústria aeronáutica”.
Relembrando o acidente
A queda da aeronave aconteceu em um canavial da Fazenda Dona Luciana que pertence a Usina Açucareira de São Manuel, a cerca de 300 metros do Aeroporto Tancredo Neves, em Botucatu. Por razões que ainda não foram explicados o avião decolou do aeroporto botucatuense, mas não conseguiu altura e caiu segundos depois em uma estrada, em meio ao canavial. A queda foi acompanhada por parentes de Titon e Duda que estavam no aeroporto. Foram eles que acionaram o corpo de Bombeiros indicando a direção em que a aeronave havia caído.
As duas vítimas ficaram presas na cabine e foram resgatadas pela equipe do Corpo de Bombeiros. Esteve no local a Polícia Técnica Científica e os corpos foram removidos do local pela viatura do Sistema Prever. O boletim de ocorrência foi elaborado pela delegada Simone Alves Firmino Tuono, no plantão permanente.
O vigilante da Fazenda Dona Luciana, Giliard Pereira Santos, acompanhou a retirada dos corpos da aeronave, mas revela que não percebeu o avião cair. “Percorro toda a extensão da fazenda com moto e não ouvi a queda. Fiquei sabendo do acidente quando os bombeiros me informaram que estavam procurando o avião e quando o encontraram os dois ocupantes já estavam sem vida. Nada pode ser feito. Acompanhei a retirada dos corpos. Foi uma experiência muito triste”, colocou o vigilante.