Botucatu, terça-feira, 29 de Abril de 2025

Turismo / Meio Ambiente
10/01/2017

Professor da Unesp de Botucatu é um dos maiores criadores de bicudos do País



Fotos: Valéria Cuter

Raimundo que cria pássaros desde criança nasceu no Mato Grosso do Sul onde se formou veterinário e veio a morar em Botucatu em 1984 quando passou em um concurso público na Unesp, onde permanece até hoje

 

O professor/doutor Raimundo Souza Lopes, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Unesp de Botucatu,  é  um  criador conservacionista que se especializou na criação em cativeiro  de pássaros nobres da fauna brasileira, conhecidos como bicudos e curiós, que  têm um canto melódico muito bonito. 

Por esse motivo essas aves foram muito caçadas e, atualmente, são raros os locais onde elas ainda são encontradas na natureza. Não bastasse isso, também o crescimento das cidades está fazendo com que os habitats naturais dessas aves fiquem cada vez menores. Com os conservacionistas que criam pássaros em cativeiro, a espécie está se perpetuando. Não fossem eles os bicudos e curiós estariam muito próximos da extinção.

Embora o canto desses pássaros possa ser aperfeiçoado com CDs que são colocados quando ainda estão se desenvolvendo (filhotes), não é fácil conseguir uma ave que assimile todas as notas do canto.  Existem campeonatos de canto no Brasil inteiro.

Porém Raimundo Lopes não se preocupa muito com as notas do canto e cria pássaros, especialmente,  para campeonatos de fibra, quando as aves são colocadas em um círculo em estacas (conhecido como roda ) e cantam uma de frente para a outra. Aquela que conseguir o maior número de canto é considerada campeã.

“Gosto de ver meus pássaros competindo e já conquistei dezenas de troféus. Para ser sincero nem sei quantos troféus eu já ganhei”,  conta, salientando que um dos seus pássaros mais premiados foi o bicudo “Kizomba”, campeão brasileiro várias vezes. “Era um pássaro especial. Ficou muito tempo comigo e morreu velho, aqui em casa. Tenho outros (bicudos) que fazem parte da minha criação, mas nada que se compare a ele”,  lembra.   No seu criadouro chamado “São Raimundo”  ele mantém um plantel com diversas matrizes e machos de procedência genética.

Embora esteja morando em Botucatu há muito tempo, Raimundo Lopes, com 58 anos, nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde se formou veterinário. Veio morar em Botucatu em 1984 quando passou em um concurso público na Unesp, onde permanece até hoje. Cria pássaros desde criança, hobby herdado do avó e do pai.

 

Ibama

O conservacionista considera a criação de pássaros salutar, mas adverte que para criar pássaros em cativeiro, é necessário que a pessoa se cadastre junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Produtos Renováveis (Ibama) e se regularize. Se não se cadastrar, poderá sofrer as penas previstas em lei que vão desde advertência, confisco dos pássaros, multas e, em alguns casos, até prisão, “Criar pássaros é um hobby muito gratificante, mas o criador deve ter autorização expressa para isso”,  orienta.

Outra advertência feita pelo criador é com relação  à caça ilegal. “Infelizmente existem caçadores ilegais que se deslocam para locais de mata na zona rural e apreendem aves. Isso é crime. Tirar pássaros do seu habitat natural é contravenção penal, pois pode levar espécies nativas  à extinção”, coloca Raimundo. “O conselho que posso dar é que antes de iniciar uma criação deve-se conhecer os diretos e deveres junto ao Ibama e somente adquirir pássaros de pessoas autorizadas”, concluiu Raimundo.










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